quinta-feira, 24 de abril de 2014

Como um segredo

Não há nada em que paire tanta sedução e maldição como um segredo.

Soren Kierkegoard - 1843





quarta-feira, 23 de abril de 2014

Cada um e cada uma sabe ou prefere não ver o desespero que esses detalhes pequenos ou gritantes lhe causam




Acho estranho, mas perfeitamente normal a forma como o diferente me atrai numa visão total. Eu não sou apaixonada pelo ser humano. Eu sou apaixonada por como o ser humano se comporta diante daquilo que lhe sucede. As reações desesperadas, o desassossego, a frieza, a angustia, a perversidade, o masoquismo, a compaixão, o desejo de justiça, a euforia, o transtorno, a alegria, o choro, o desejo instantâneo, a coragem, a rejeição, o acolhimento, o desejo reprimido, a carência. Do desespero completo à calmaria, tudo me fascina.

Percebendo os meus próprios delírios cheguei a uma hipótese. Acredito que se enganam os que pensam que o desespero mostra-se apenas por uma quebra imensa de pratos, uns murros na parede, ou palavrões impensados. Eu mesmo já fiquei desesperada em silêncio e também já quebrei pratos, copos e meu próprio coração. Quem nunca tentou manter uma situação com frieza por estar em desespero pelo fato de não saber conduzi-la?

Vejo todos os dias pessoas desesperadas por alguns instantes de loucura, mas contendo-se para não enlouquecer de forma degradante. Sempre vejo gente desesperada com as desigualdades esforçando-se o máximo pela mínima mudança, para que outros e outras aceitem a possibilidade de justiça. Sou uma delas. Vivo de desesperos trepidantes, mas tento, nem sempre consigo, mas repito, tento. Conheço gente que é fria, desesperada por carinho. Li sobre pessoas surdas por desespero de não compreender a vida e vi filmes sobre mulheres cegas, desesperadas pela violência que sofriam.

Ser humano torna qualquer ser distante da perfeição. Nosso potencial de racionalização faz cada um de nós um indivíduo complexo demais para qualquer perfeição. Não somos rascunho, mas um texto escrito continuamente, sem borracha, mas com a possibilidade de mudarmos o tom e o rumo todo o tempo.


Às vezes apenas um olhar faz com que mudemos completamente o sentido de nossas vidas naquele momento. As reações mais extremistas são tomadas por detalhes. A liberdade é feita de detalhes. Pessoas são presas a detalhes, só se detém em detalhes diferentes. Cada ser tem um tipo de detalhe peculiar. Cada um e cada uma sabe ou prefere não ver o desespero que esses detalhes pequenos ou gritantes lhe causam.

Laila Naymaer



Mãe das ideias, mulher do desejo e motor potencial entre minha mente e minha ação



Hoje eu passei o dia pensando, pensando sobre os motivos de simplesmente não me importar com o tempo quando faço o que gosto. Fazer o que eu gosto ultrapassa os limites da satisfação profissional, por osmose também me satisfaz pessoalmente. Emocionalmente. É um sentimento que hoje eu ainda não tenho como nomear, mas tem felicidade por aí.

Sempre que consigo conversar com as pessoas e ter a oportunidade de escutá-las me sinto bem. Quando posso expressar as minhas ideias me ouriço toda, mas quando tenho a oportunidade de vê-las dar as primeiras engatinhadas na prática fico muito feliz. Simplesmente. Minhas ideias são minhas filhas. Sou casada com meu desejo. Aceito-me como motor potencial entre minha mente e minha ação.

Tem uma coisa que eu digo sempre “amo a pesquisa, mas a minha paixão, o que me toca fogo por dentro é a extensão”, mas uma é incompleta sem a outra. Se não pesquisar, não ler, eu não consigo me fundamentar, ou seja, não teria porque me apaixonar. Hoje eu estou apaixonada pelo que faço.

Eu descobri com o passar do tempo que eu não sou de me apaixonar a primeira vista, não sem pelo menos ter um papo cabeça. O que acontece comigo é que se eu desejo o que vejo e escuto – principalmente o que escuto – eu fico curiosa por demais e busco saber.

Me apaixono pelo que eu permito que me toque. Só me deixo ser tocada pelo que vai me conquistando, me envolvendo aos pouquinhos. Eu já passei momentos em que achei que nada mais eu permitiria que me tocasse. Errei. Estava sendo tocada pela vida, pelas dúvidas, pelas indecisões, pelo viver em sentido pleno das emoções.

Esse desejo de saber e saber sempre mais, mais e mais e não me saciar nunca me motiva, me empurra de frente com a ação. Talvez seja até uma troca que eu faça todos os dias comigo mesmo. A vida me tirou muitas coisas, muitos detalhes, muitos desejos na tentativa de me tornar resiliente sem eu perceber, quando eu percebi o que aconteceu me revesti dessa vontade de conhecer só pra eu não me deprimir. Não cair num Thanatus mortal.

A vida não é perfeita, até a de quem parece ser. Se nada disso tivesse acontecido, eu não estaria aqui aberta para novas experiências. Muitos dias nublados e cinzentos, esses dias com essa fotografia ambiental que eu amo por me identificar demais, são os dias que fazem parte dos instantes que meu corpo e a minha mente escolhem para não fazer nada. Com o tempo tenho aprendido a me respeitar e me permitir ficar quieta no meu canto. É fundamental.


Laila Naymaer


domingo, 20 de abril de 2014

Entrevista à vampira

Como alguém tão igual ao papai consegue tirar do prumo a menina tão correta? Justamente aquele alguém tão condenável, tão incógnito, aquele alguém que normalmente lhe causaria revolta por usar as mulheres, esse alguém lhe causou desejo de estar perto. Um rascunho, um ensaio bem distante do planejado “homem dos sonhos”.

E quando o seu objeto de maior desejo também lhe causa náuseas? É como se tudo virasse de cabeça para baixo, tudo estivesse tão diferente. A raiva já chega do nada, a irritação vem e a paciência vai. O perfume, a voz e a presença tão familiarmente bem quistos antes por agora lhe dão dores de verdade. Não são náuseas figuradas, são náuseas reais, uma sensação de desconforto, a impressão irritante de nudez aos olhos de alguém e a pior de todas as sensações, a perda de controle. O corpo já virou escravo de dois senhores. Tanto se quer como tanto não se quer.

Como poderia descrever essas náuseas? Ao sentir as duas coisas ao mesmo tempo, desejo e repulsa é o mesmo que viver uma condenação. Uma vegetariana querendo comer carne, mas isso infringe seus princípios e moralidades. É como ser uma vampira e nunca poder sugar sangue suficiente, mas ao invés de sugar sangue sugar sentimentos. Alimentar-se comedidamente todos os dias, mas nunca satisfazer o desejo, faz bem para o ego, mas não concretiza nenhuma corrupção. Satisfação, isso implicaria em ceder e reconhecer essa dependência de um ser humano para satisfazer a si próprio.

Como é ser uma vampira de satisfações? É uma castração dosada. É como não ter limites e um belo dia lhe aparecer algo que não pode ter. A menina tão acostumada a só querer o aprovável descobrir que o reprovável lhe causa mais interesse. O proibido lhe atrai e ela se reprime, reprime, reprime, reprime e reprime.  Ao mesmo tempo em que deseja, se condena por desejar, mas não consegue parar. É como saber que algo faz mal e se iludir em parar aos poucos e os poucos seguirem sempre.


Laila Naymaer 


Meu Delírio

Tua boca não se deu conta ainda
De que meus lábios são um motor para arrancar
Eu sei que você é a cor para mim
Matiz que pinta tudo o que tenho de cinza

Hoje vou te seduzir
Sem me dar conta, sem me dar conta
Te roubarei um suspiro,
Ainda que seja o motivo do meu delírio 

Não sei o que vai acontecer
Quando será
Quanto tempo vou ter que esperar
Para que acenda a faísca que me faz explodir

Se seu olhar tropeça em mim
É acidente, juro que não te vi vir
Não tive outro remédio além de sorrir
Você não terá outra saída além de vir a mim

Deslizou, me beijou, não sabemos como aconteceu
Sedução, por engano, foi acidente ou foi intenção?
Não me importa, não te importa
Você tem a faísca que me faz explodir

Anahí




sexta-feira, 11 de abril de 2014

Uma guerra entre feras comedidas...

Causa-me um estranho sorriso nos lábios reconhecer que fazemos pinturas de nós mesmos, um para o outro. Acabamos nos pintando daquilo que acreditamos ser esperado de nós. É como uma dança métrica, ajustável e previsível, é a tal jogada de xadrez em uma mesa onde o único desejo verdadeiro e contido é atirar o tabuleiro para o alto com força.

Esgueiramos-nos um do outro como animais rondando a mesma caça, ambos com o mesmo objetivo, mas ao mesmo tempo nos olhamos de forma velada, assim nos cantos dos olhos, por cima, por baixo, dificilmente em retidão, tentando e demonstrando uma fria e torpe indiferença, que talvez pareça nos livrar de alguma culpa. Queremos-nos em evidencia. Queremos não nos querer, em maior evidencia ainda.

Esses sinais em cada toque com as pontas dos dedos, o caminhar misterioso de um jaguar decidido, uma fera instigada a fazer um grande estrago e a romper os véus. No entanto ambos vivem pintando de toda forma possível uma figura completamente avessa, necessitada de atenção. Um jogo de animais.


Laila Naymaer


Deve ser químico?

Às vezes não são compreensíveis os motivos para alguém se sinta atraído por outrem. Não entendo se é toque, o cheiro, ou simplesmente o sorriso malicioso escondido por trás de um falso “encabulamento”...

É uma questão que vai muito além de empatia ou desejo, é mais que isso, e deve ser químico, por que quando as partículas de peles diferentes se unem verdadeiramente se encontram, e o corpo responde ouriçado de felicidade.

É ganhar tempo ouvindo vozes que encantam ao coração e carinhosamente massageiam os ouvidos. É dose momentânea de carinho deixando o ar diferente. É um desejo de falar horas e horas, mas sem pronunciar uma palavra se quer. É tudo misturado, mas sem borboletas no estômago, é como uma coçada no ego, mas que vai bem mais além de autoafirmação...


Laila Naymaer


Ironias a parte...

Às vezes é tão engraçado perceber e admitir o poder que alguns seres exercem sobre nós. Justamente nós esse tipo de gente que gosta de manter as coisas bem sob o nosso controle.


Laila Naymaer


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ela tem a força para ser, a força para ceder, a força para ver...



Hoje não sei por que me importei em achar uma música que eu gosto faz tempo. Não entendo, mas meu humor melhorou muito com essa ela, talvez seja a batida, talvez seja simplesmente a letra, ou um pouco mais profundamente querer ser a moça que a letra da música me apresenta. É incrível perceber como uma música pode nos colocar um sorriso no rosto. Estou escutando compulsivamente (risos). Parece mesmo ser só esse pequeno e ao mesmo tempo gigante detalhe o que estava faltando para coroar o meu dia. Inacreditavelmente hoje deu tudo certo, as coisas estão se encaminhando, só preciso mesmo é voltar para dieta, mas antes preciso entender se quero realmente isso. Estou aqui sentada, sozinha e meio abobada com as capacidades da música, pareço estar digitando no ritmo da música, e sinceramente estou achando isso estranho, mas não ria assim sozinha faz tempo...

Mas como nem tudo pode estar cem por cento comigo, o que elementarmente é normal mesmo, hoje eu acordei com uma saudade imensa e ao olhar para os lados tenho a sensação de perceber que posso estar virando gente grande, parece que estou amadurecendo, até o trato com as pessoas tem mudado, simplesmente a minha aula da faculdade foi à prova disso. Parece que estou me polindo, me tornando um pouco mais evoluída, claro que não é sempre, muito menos tenho deixado de ser eu, com essa minha pilha gigante de bagagem de um temperamento muito forte e uma personalidade ocultamente sensível. Provavelmente seja por essa junção de temperamento e personalidade opostos que eu estou morrendo de medo de ir para casa e a minha alegria acabar, é meio estranho reconhecer que a casa onde moro é lugar onde menos gosto de estar. Talvez, de certo forma isso deva ser algo em comum com mais alguém na face da Terra, não que isso seja algo desejável ou menos ainda agradável. 

Tem gente que sinceramente só me põe para baixo, então essas eu decidi que vou evitar o quanto puder e quando não der... Bom quando não der vai ter entrar por um ouvido e sair pelo o outro, prometo solenemente me esforçar para conseguir isso, não sei se vou ter êxito, mas vou tentar mesmo. Em compensação tem gente que só me faz melhor, até os rompantes se tornam engraçados. Sinceramente estou gostando de me sentir um pouco mais viva hoje, amanhã não sei, muito menos daqui algumas horas, mas agora está perfeito... Solidão e fones de ouvidos, para completar a tal música que eu amo selecionada para repetir e um dia incrivelmente lindo, com ares de um cinza bem londrino.


Laila Naymaer


Suddenly I See

O rosto dela é um mapa do mundo
É um mapa do mundo
Você pode ver, ela é uma garota linda
Ela é uma garota linda
E tudo ao seu redor é um poço prata de luz
As pessoas que a cercam sentem o benefício disso
Te faz calmo
Ela mantém você na palma da mão

De repente eu vejo , de repente eu vejo.
Isso é o que eu quero ser
De repente eu vejo, de repente eu vejo.
Por que diabos isso significa tanto para mim? De repente eu vejo...
Isso é o que eu quero ser
De repente eu vejo, de repente eu vejo...
Por que diabos isso significa tanto para mim?

Eu sinto como se estivesse atravessando o mundo
Como se estivesse atravessando o mundo
Você pode ouvir, ela é uma linda garota
Ela é uma linda garota
Ela preenche cada esquina, como se fosse nascida em preto e branco
Faz você ficar atento quando você está tentando lembrar
O que você ouviu?
Ela gosta de deixar você pensando em uma palavra

De repente eu vejo, de repente eu vejo...
Isso é o que eu quero ser
De repente eu vejo, de repente eu vejo.
Por que diabos isso significa tanto para mim? De repente eu vejo...
Isso é o que eu quero ser
De repente eu vejo De repente eu vejo...
Por que diabos isso significa tanto para mim?

E ela é mais alta que os outros
E ela está olhando para mim
Eu posso ver seus olhos olhando da página na revista
Ela me faz sentir como que eu pudesse ser uma torre
Uma grande e forte torre
Ela tem a força para ser
A força para ceder
A força para ver
Yea yea
De repente eu vejo!!!

Ela tem o poder de ser
O poder de ceder
O poder de ver
Yea yea




quarta-feira, 9 de abril de 2014

A experiência mais incrível da vida, tornar-se mulher

Tornar-se Mulher...

Quem disse que tornamo-nos mulher e não apenas nascemos mulher acertou em cheio. Ser mulher é um processo de amadurecimento que muito pouco tem a ver com feminilidade. Tornar-se mulher exige muito de um ser. É um processo de reconstrução constante. Toda mulher é uma fênix, não importando muito como se leva a vida. Todas nós morremos um pouco, e ressurgimos renovadas, às vezes dói mais, às vezes dois menos, dificilmente não doa, mas isso nos ensina muito sobre o valor da felicidade, essa felicidade verdadeira que não exige fórmula.

 Viver a cada dia com novos desafios e rotina bagunçada querendo acertar faz parte da vida. Tornar-se mulher tem muito mais a ver com a vida adulta do que antes eu poderia imaginar. Tem a ver com descobrir-se mais, proibir-se menos e aceitar nossos medos, chamá-los para uma conversa franca, encará-los de frente, de peito aberto e aprender a lidar com eles. Não é fácil reconhecer.

Machucamo-nos a todo instante tentando acertar, e outras vezes libertamo-nos muito jogando para o alto e fazendo tudo errado ou simplesmente fazendo. É uma experiência divisora de águas, permitir-se errar. Aprendemos. Aprendemos que não precisamos sempre estar na água e nem sempre estar na terra. Tudo tem um ponto de equilíbrio. Engana-se quem pensa ser um só.

No processo de tornar-se mulher, eu particularmente tenho sentido muita dor, culpa, alivio, medo, liberdade e independência. Esse processo que não nos prepara para entender que não devemos separar, mas somar. Esse processo dói. E acontece sem quaisquer avisos.

Tornar-se mulher tem a ver com olhar-se com amor e olhar bem pra dentro, buscando não valorizar tanto assim nossos defeitos e muito menos acharmos que apenas nós somos boas no que fazemos. É respirar fundo e muitas vezes deixar simplesmente acontecer.

Tornamo-nos mulher aos poucos, e pouco tem a ver com usar ou não batom, com rímel, pó, base, sombra e blush. Tem mais a ver mesmo com os dias que não usamos, com os dias que nos olhamos cara a cara com o espelho e decidimos que não é só isso que nos compõe. Tem a ver com como nos sentimos em relação a nós mesmas e procurar se sentir bem, aceitar as mudanças, aprender a ser flexível com quem mais importa nesse momento, ou seja, “eu”.


Laila Naymaer


terça-feira, 8 de abril de 2014

Tudo volta sempre ao nornal

Ando me sentindo violentada pela vida, to parecendo um animal ferido, me esgueirando, desejando não ser tocada, nem na pele e nem na alma. Sinto que preciso de algo que abale as minhas estruturas positivamente.

Parece que a minha alma foi estuprada nesses últimos tempos, parece que algo roubou as últimas lembranças de paz. Algumas coisas, pessoas e momentos me forçaram a descobrir coisas que eu sempre evitei. Não são coisas de fora, são coisas de dentro. Sempre as neguei, evitei usá-las, mas parece que hoje elas simplesmente acontecem.

Não ando querendo me descobrir um pouco mais. Tenho medo. Parece que existe um animal a espreita dentro de mim, algo que me força, mas que liberta. Algumas opiniões me assustam, mas não são propriamente eles que eu temo, são as coisas que elas despertam em mim há alguns anos.

Às vezes sinto medo das reações que as pessoas me provocam. Não de sentido sexual, de sentido geral, algumas me geram náuseas, outras tédio, mas algumas me provocam uma imensa fascinação. Tudo coisa de momento, depois fica tudo sempre igual.


Laila Naymaer


Quando eu sinto que estou perdendo controle de tudo

O fato de querer mudar, e mudar sempre quando sinto que a vontade me entrega deixando transparecer bem mais do que uma vaidade pessoal. Acho de uma angustia tremenda me prender a estereótipos, padrões e modelos, mas como é difícil tentar se desprender desses. A liberdade me enerva e me transmite medo, me assusta, mas me desafia.

Quando a gente decide mudar, pode mudar detalhes ou algo bem mais que isso, mas pra mim a mudança repentina não passa de uma tentativa de achar bem mais do que eu espero, talvez me surpreender. São essas inconstâncias que me matam. Criar e negar expectativas, para tentar não me machucar um pouco mais. Mas é tão difícil não criar expectativas.

Quando eu sinto que estou perdendo controle de tudo me autoafirmo reforçando a ideia de que ainda tenho controle sobre mim. Mesmo sendo isso uma grande mentira, me conheço, e sei que o meu maior desejo é perder totalmente o controle por um segundo, só para ver se eu volto a sentir tudo pulsar como antes.


Laila Naymaer


domingo, 6 de abril de 2014

Simplesmente me tornei isso

Todos os dias me confronto, e vivo um intenso conflito mental. Ultimamente Id e Superego andam acabando com as minhas energias, sinto sono e fome ao mesmo tempo em que não sinto nada o tempo todo.

Eu sinto saudades, ciúmes e diversas vontades em rompantes momentâneos. Depois não sinto nada. Vivo em vazio inerte. Depois durmo, sinto tudo como um caldeirão durante o sono. Acordo cansada. Acordo atordoada, descompassada, desamparada, desnudada de expectativas claras. Sonhar acaba seduzindo-me mais que o mundo real. Sonhar não custa nada e custa tanto quando eu acordo. Sonhar acaba sendo o meu refúgio que deveria ser tranquilo, mas dever não é o mesmo que ser.

Atormentada. Sem expectativas durante a maior parte do tempo. Sem Eros, sem tesão pela vida, sem essa energia psíquica que seduz totalmente a maior parte dos mortais e os joga para frente todos os dias. Viver no Tártaro mental. Não viver de fato, só respirar.


Ao passo que não sinto nada cogito ser isso um refúgio para quem já sentiu demais, mas sentiu no abstrato, com medo demais para tornar-se real. Às vezes creio que não nasci para me permitir concretizar, logo que imagino que se isso acontecesse me seduziria demais, me agarraria demais, e eu me prenderia demais. No final, acabaria não fazendo o que parece ser o que tem que ser feito. 


Laila Naymaer