Eu
gostaria muito de ter coragem para te dizer algumas coisas, mas já
são dias tão difíceis de olhar nos teus olhos. Fico tentando
disfarçar o que simplesmente acredito que tu está em demasiado cansaço de
desconfiar... Tua pele me mata, cada pontinho dessa constelação do
teu corpo, teu sorriso me amolece inteira, e cada uma das tuas
lágrimas contorce meu corpo músculo a músculo, e quando tu me toca
é com choques que reagem cada uma das mais diversas terminações
nervosas do meu ser. Pode ser que isso mude rápido. Será? Pode esse
teu efeito inebriante passar? Ponde a vontade calmar? Pode esse
desejo passar? Será mesmo possível?
Que
doença. Qualquer música de ritmo um pouco mais envolvente me faz
lembrar tua voz de vítima, quase infantil, quando tenta me convencer
de algo ou quando pede por favor, essa expressão que vem com açúcar
dos teus finos lábios, teu por favor, por favor me faz um pedido
especial. Tu sabes... Confessa que sabes... Por favor.
É
insuportável conhecer teu corpo sem conhecer e saber quando cada
mudança de tom de voz quer me deixar uma mensagem, quando cada olhar
para o chão me diz que tens vergonha de algo. Insuportável.
Insuportável e mesmo assim suportável. Quanta dualidade de sentir.
Laila Naymaer