Uma
taça sobre a mesa, cheia, sem sentido, já não é mais o nosso
vinho. Só é vazio. A umidade no ar, o abafamento parece ser por
dentro. A
outra taça está vazia, ali no lugar que ela geralmente não
gostava. Ela
acende um cigarro e senta. Será essa sua sentença? Nada mais fazia
sentido. Levanta, vai à janela, passa a mão no bocal da taça,
molha a ponta do dedo indicador. Não. O vinho não tem mais o mesmo
gosto. Olha a louça empilhada na pia. Acende outro cigarro e percebe
que aquele vinho não faz mais sentido, nenhum, nem branco, nem
tinto. A outra
taça
ainda está ali. Vazia. A vontade é líquida e o desejo cruel.
Laila Naymaer
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